Evitando uma das maiores armadilhas da vida 


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Evitando uma das maiores armadilhas da vida



 

- Bom, garotos, precisam comeзar a pensar. Vocкs estгo observando

uma das maiores liзхes da vida. Se aprenderem a liзгo, terгo uma vida de

grande liberdade e seguranзa. Se nгo aprenderem, acabarгo como a senho-

ra Martin e a maioria das pessoas que jogam beisebol aqui no parque. Elas

trabalham muito, por um salбrio baixo, agarrando-se а ilusгo da seguranзa

no emprego, esperando pelas trкs semanas de fйrias anuais e pela reduzida

aposentadoria depois de 45 anos de trabalho. Se isso os empolga, vou dar-

lhes um aumento para 25 centavos a hora.

 

- Mas estas pessoas sгo boas e trabalhadoras. Por que o senhor estб

debochando delas? - indaguei.

Pai rico abriu um sorriso.

 

- A senhora Martin й como uma mгe para mim. Nunca seria tгo cruel.

Pode parecer que estou sendo desalmado porque estou tentado chamar a

atenзгo de vocкs dois para um fato que a maioria das pessoas nгo consegue

ter a felicidade de enxergar. Graзas a uma visгo muito estreita, as pessoas

nгo percebem em que armadilha caнram.

 

Mike e eu ficamos sentados sem captar totalmente a mensagem. Ele

parecia cruel, contudo sentнamos que ele desejava desesperadamente que

percebкssemos algo.

 

Sorrindo, pai rico continuou:

 

- Nгo estгo gostando desses 25 centavos a hora? O coraзгo de vocкs

nгo bate um pouquinho mais rбpido.

 

Fiz um "nгo" com a cabeзa, mas na realidade meu coraзгo batia mais

rбpido. Para mim 25 centavos a hora representava uma fortuna.

 

- OK, vou pagar l dуlar a hora - prosseguiu pai rico, com um sorriso

malicioso.

 

Agora meu coraзгo acelerou de verdade. Meu cйrebro gritava "Topa.

Topa". Eu nгo podia acreditar no que estava ouvindo. Ainda assim, fiquei

calado.

 

- OK, 2 dуlares a hora.

 

Meu pequeno cйrebro e meu pequeno coraзгo de nove anos quase ex-

plodiram. Afinal, estбvamos em 1956 e receber 2 dуlares a hora teria me

tornado o garoto mais rico do mundo. Nгo me podia imaginar ganhando

esse dinheiro todo. Eu queria dizer "sim". Eu queria fechar o negуcio. E

podia ver a bicicleta nova, a luva de beisebol nova e a adoraзгo de meus

colegas quando eu mostrasse algum dinheiro. E, ainda por cima, Jimmy e

seus amigos ricos nunca poderiam voltar a me chamar de pobre. Mas conse-

gui me manter em silкncio.

 

Quem sabe tivesse torrado os miolos e queimado um fusнvel.' Mas no

fundo do coraзгo eu queria loucamente esses 2 dуlares a hora.

 

O sorvete estava se derretendo e escorregando pela minha mгo. As for-

migas se deliciavam com a pasta melada de baunilha e chocolate. Pai rico

olhava para dois garotos que o olhavam de volta embasbacados. Ele sabia

que estava nos testando e ele sabia que parte de nossas emoзхes queria

topar a parada. Sabia que todo ser humano tem uma parte fraca e necessita-

da de suas almas que pode ser comprada. E sabia que todo ser humano

tambйm tinha uma parte da alma que era forte e que jamais se deixaria

comprar. A questгo era saber qual prevaleceria. Ele tinha testado milhares

de almas ao longo de sua vida. Ele testava almas toda vez que entrevistava

um candidato a emprego.

 

- OK, 5 dуlares a hora.

 

De repente fez-se um silкncio dentro de mim. Alguma coisa tinha muda-

do. A oferta era grande demais e se tornara ridнcula. Nem muitos adultos

ganhavam 5 dуlares por hora em 1956. A tentaзгo se esvaiu e a calma se

instalou. Lentamente me virei para a esquerda para olhar Mike. Ele devol-

veu meu olhar. A parte de minha alma que era fraca e necessitada estava

silenciada. A parte que nгo se vendia estava а frente. Entгo uma calma e

uma certeza sobre o dinheiro invadiram meu cйrebro e minha alma. Sabia

que Mike tambйm chegara a esse ponto.

 

- Muito bem - disse pai rico suavemente. - A maioria das pessoas

cem um preзo. E tem um preзo por causa de duas emoзхes humanas, o

medo e a ambiзгo. Primeiro, o medo de nгo ter dinheiro as leva a traba-

lhar arduamente e, quando recebem o contracheque, a ambiзгo ou o

desejo as levam a pensar nas coisas maravilhosas que podem ser compra-

das. Entгo se define o padrгo.

 

- Que padrгo? - perguntei.

 

- Acordar, ir para o trabalho, pagar contas, acordar, ir para o trabalho,

pagar contas... Suas vidas entгo sгo conduzidas sempre por duas emoзхes:

 

medo e ambiзгo. Ofereзa-lhes mais dinheiro e elas continuarгo o ciclo, au-

mentando tambйm as despesas. Й isso que chamo de "Corrida dos Ratos".

 

- E hб outro jeito? - perguntou Mike.

 

- Sim - disse pai rico. - Mas sу poucas pessoas o descobrem.

 

- E qual й esse jeito? - perguntou Mike.

 

- Й o que espero que vocкs descubram enquanto trabalham e estudam

comigo. Й por isso que acabei com todas as formas de pagamento.

 

- Alguma dica? - perguntou Mike. - Estamos um pouco cansados de

trabalhar muito, especialmente sem receber.

 

- Bem, o primeiro passo й falar a verdade - disse pai rico.

 

- Nуs nгo mentimos - falei.

 

- Nгo disse que estavam mentindo. Disse para falar a verdade - retru-

cou pai rico.

 

- A verdade sobre o quк? - perguntei.

 

- Sobre como estгo se sentindo - respondeu pai rico. - Vocкs nгo preci-

sam falar para mais ninguйm. Sу para vocкs mesmos.

 

- O senhor estб dizendo que as pessoas que estгo no parque, as pessoas

que trabalham para o senhor, a senhora Martin nгo fazem isso? - perguntei.

 

- Duvido - disse pai rico. - Elas tкm medo de ficar sem dinheiro. Em

lugar de enfrentar o medo, elas reagem em vez de pensar. Elas reagem emo-

cionalmente em lugar de usar suas cabeзas - disse pai rico batendo nas

nossas cabeзas. - Entгo, elas se vкem com alguns dуlares na mгo e nova-

mente as emoзхes da alegria e do desejo e da ambiзгo se apossam delas e

novamente reagem em vez de pensar.

 

- Sгo suas emoзхes que pensam por elas - falou Mike.

 

- Certo - falou pai rico. - Em vez de falar a verdade sobre como se

sentem, elas reagem a seus sentimentos, e nгo pensam. Elas sentem o medo,

vгo para o trabalho esperando que o trabalho acalme esse medo, mas nгo й

isso que acontece. Esse medo antigo as assombra, e elas voltam ao trabalho

esperando novamente que o dinheiro acalme seu medo e, novamente, nada.

O medo as leva a essa armadilha de trabalhar, ganhar dinheiro, trabalhar,

ganhar dinheiro, esperando que o medo vб embora. Mas a cada dia elas

 

acordam, e o velho medo acorda com elas. Para milhхes de pessoas, esse

velho medo as mantйm acordadas de noite, perturbando-as com ansiedade e

preocupaзгo. De modo que se levantam e vгo para o trabalho esperando

que o contracheque mate esse medo que lhes rуi a alma. O dinheiro conduz

suas vidas e elas se recusam a aceitar essa verdade. O dinheiro controla suas

emoзхes e, conseqьentemente suas almas.

 

Pai rico ficou sentado, quieto, deixando que assimilбssemos suas pala-

vras. Mike e eu havнamos escutado o que ele disse, mas na verdade nгo

entendemos o que ele falou. Eu sу sabia que muitas vezes ficava pensando

em por que os adultos corriam para o trabalho. Nгo parecia ser algo muito

divertido e eles nгo aparentavam estar muito felizes, mas alguma coisa os

impelia a correr para o trabalho.

 

Percebendo que tнnhamos absorvido o que era possнvel de suas palavras,

pai rico falou:

 

- E quero que vocкs, garotos, evitem essa armadilha. Й isso que que-

ro ensinar a vocкs. Nгo apenas a ser rico, porque ser rico nгo resolve o

problema.

 

- Nгo resolve? - perguntei surpreso.

 

- Nгo, nгo resolve. Deixem-me falar desta outra emoзгo, que й o dese-

jo. Alguns a chamam de ganвncia mas eu prefiro desejo. Й perfeitamente

normal querer coisas melhores, mais bonitas, mais divertidas ou empolgan-

tes. Portanto, as pessoas tambйm trabalham por dinheiro por causa do dese-

jo. Elas desejam o dinheiro pela alegria que, acreditam, o dinheiro pode

comprar. Mas a alegria que o dinheiro traz muitas vezes tem curta duraзгo

e й preciso mais dinheiro para adquirir mais alegria, mais satisfaзгo, mais

conforto, mais seguranзa. Assim, continua-se trabalhando, pensando que o

dinheiro um dia acalmarб suas almas perturbadas pelo medo e pelo desejo.

Mas o dinheiro nгo pode fazer isso.

 

- Mesmo para as pessoas ricas? - perguntou Mike.

 

- Incluindo os ricos - respondeu pai rico. - De fato, a razгo pela qual

muitas pessoas sгo ricas nгo й o desejo mas o medo. Elas pensam que o

dinheiro pode acabar com seu medo de ficar sem dinheiro, de serem po-

bres, de modo que acumulam fortunas apenas para descobrir que o medo

fica pior. Agora elas receiam perdк-lo. Tenho amigos que continuam tra-

balhando mesmo quando jб tкm muito. Sei de pessoas que tкm milhхes e

estгo mais apavoradas do que quando eram pobres. Estгo aterrorizadas

com a possibilidade de perder todo o seu dinheiro. Os medos que as leva-

ram a se tornarem ricas ficam maiores. Essa parte fraca e necessitada de

suas almas na verdade grita ainda mais forte. Nгo querem perder suas

mansхes, seus carros, a vida de luxo que o dinheiro pode comprar. Preo-

cupam-se com o que seus amigos dirгo se perderem todo o seu dinheiro.

 

.Muitos estгo emocionalmente desesperados e neurуticos embora pare-

-am ricos e tenham grandes fortunas.

 

- Entгo a pessoa pobre й mais feliz? - perguntei.

 

- Nгo, nгo acho - replicou pai rico. - Evitar o dinheiro й tгo neurуtico

quanto ser apegado ao dinheiro.

 

Como se isso tivesse sido uma deixa, o mendigo da cidade passou perto

de nossa mesa, parou junto ao cesto de lixo e comeзou a vasculhar. Nуs trкs

observamos com grande interesse, talvez antes o tivйssemos ignorado.

 

Pai rico tirou da carteira uma nota de l dуlar e fez um gesto para o

velho. Este ao ver o dinheiro se aproximou imediatamente, pegou a nota,

agradeceu profusamente e saiu encantado com sua boa sorte.

 

- Ele nгo й muito diferente da maioria dos meus empregados - disse pai

rico. - Jб encontrei tanta gente que fala, "Ah, nгo estou interessado no di-

nheiro". Contudo, eles trabalham oito horas por dia nos seus empregos.

Isso й uma negaзгo da verdade. Se nгo estгo interessados no dinheiro, entгo

por que й que trabalham? Esse tipo de pensamento й possivelmente mais

neurуtico do que o de uma pessoa que entesoura dinheiro.

 

Enquanto eu estava ali sentado, ouvindo meu pai rico, minha mente re-

cordava as inъmeras vezes em que meu prуprio pai dizia: "Nгo estou inte-

ressado no dinheiro." Ele falava isso frequentemente. Tambйm se justificava

dizendo sempre: "Trabalho porque gosto do que faзo."

 

- Entгo o que temos que fazer? - perguntei. - Nгo trabalhar pelo di-

nheiro atй perder todos os resquнcios de medo e ganвncia?

 

- Nгo, isso seria uma perda de tempo - falou pai rico. - As emoзхes sгo

o que nos torna humanos. Nos tornam reais. A palavra "emoзгo" represen-

ta energia em movimento. Seja sincero a respeito de suas emoзхes e use sua

mente e suas emoзхes a seu favor, nгo contra vocк.

 

- Nossa! - exclamou Mike.

 

- Nгo se preocupe com o que acabei de falar. Daqui a alguns anos

vocк entenderб melhor. Observe suas emoзхes, nгo reaja a elas. A maio-

ria das pessoas nгo percebe que estб pensando com suas emoзхes. Suas

emoзхes sгo suas emoзхes, mas vocк precisa aprender a pensar por si

prуprio.

 

- O senhor poderia dar um exemplo? - pedi.

 

- Lуgico - retrucou pai rico. - Quando uma pessoa fala. "Preciso procu-

rar um emprego", o mais provбvel й que esteja pensando com uma emoзгo.

O medo de nгo ter dinheiro й que gera esse pensamento.

 

- Mas as pessoas precisam de dinheiro se tкm contas a pagar - falei.

 

- Sem dъvida - disse pai rico sorrindo. - Tudo o que estou dizendo й que

na maioria das vezes sгo as emoзхes que comandam o pensamento.

 

- Nгo estou entendendo - disse Mike.

 

- Por exemplo - continuou pai rico -, se existe o medo de nгo ter dinhei-

ro suficiente, em vez de sair correndo para procurar um emprego a fim de

ganhar algum, as pessoas poderiam se perguntar: "Um emprego seria, no

longo prazo, a melhor soluзгo para este medo?" Na minha opiniгo a respos-

ta й "Nгo". Especialmente se levarmos em conta a duraзгo da vida da pes-

soa. Um emprego й na verdade uma soluзгo de curto prazo para um proble-

ma de longo prazo.

 

- Mas meu pai sempre fala, "vб para a escola, ъre notas boas para que

possa conseguir um emprego bom e seguro" - disse eu, um pouco confuso.

 

- Sim, entendo o que ele diz - afirmou pai rico sorrindo. - A maioria das

pessoas aconselha isso e costuma considerar uma boa ideia. Mas, em geral,

й o medo que leva as pessoas a dar esse conselho.

 

- O senhor quer dizer que meu pai fala isso porque tem medo?

 

- Sim - respondeu pai rico. - Seu pai estб apavorado com a possibilida-

de de vocк nгo ser capaz de ganhar dinheiro e enquadrar-se na sociedade.

Nгo me entenda mal. Ele o ama e quer o melhor para seu filho. E eu acho

que seu receio se justifica. Instruзгo e emprego sгo coisas importantes. Mas

elas nгo resolvem a questгo do medo. Veja, й esse mesmo medo que o faz

levantar todas as manhгs para ganhar alguns dуlares e o que o leva a preocu-

par-se tanto com que vocк vб para a escola.

 

- E o senhor, aconselha o quк? - perguntei.

 

- Quero ensinar a vocкs o domнnio sobre o poder do dinheiro. A nгo ter

medo dele. E isso nгo й ensinado na escola. Se nгo aprenderem isso, se

tornarгo escravos do dinheiro.

 

Comeзava, finalmente, a fazer sentido. Ele queria abrir nossos horizon-

tes. Mostrar-nos o que a senhora Martin nгo via, o que seus empregados

nгo viam, ou, por falar nisso, o que meu pai nгo via. Naquele dia minha

visгo se ampliou e comecei a vislumbrar a armadilha que aguardava tanta

gente.

 

- Vejam, em ъltima anбlise, somos todos empregados. Sу que trabalha-

mos em nнveis diferentes - disse pai rico. - Eu sу quero que vocкs tenham a

chance de escapar da armadilha. A armadilha criada por essas duas emo-

зхes, o medo e o desejo. Usem-nas a seu favor, nгo contra. Isso й o que

quero ensinar a vocкs. Nгo estou interessado em ensinar apenas a ganhar

rios de dinheiro. Isso nгo vai cuidar do medo e do desejo. Se, primeiramen-

te, vocкs nгo cuidarem do medo e do desejo, e ficarem ricos, vocкs serгo

apenas escravos bem pagos.

 

- E como escapar da armadilha? - perguntei.

 

- A causa principal da pobreza ou das dificuldades financeiras estб no

medo e na ignorвncia, nгo na economia, ou no governo ou nos ricos. E o medo

que instalamos em nуs mesmos e a ignorвncia que mantкm as pessoas presas na armadilha. Entгo vocкs, garotos, vгo para a escola e se formem. Eu lhes ensinarei como nгo cair na armadilha.

 

As peзas do quebra-cabeзa comeзavam a se encaixar. Meu pai instruнdo

tinha уtima formaзгo e uma уtima carreira. Mas a escola nunca lhe tinha

dito como lidar com o dinheiro ou com seus medos. Tornava-se claro que eu

poderia aprender coisas diferentes e importantes com dois pais.

 

- O senhor estб falando do medo de nгo ter dinheiro. Como o desejo

por dinheiro afeta nosso pensamento? - perguntou Mike.

 

- Como vocк se sentiu quando eu o tentei com um aumento no paga-

mento? Vocк notou que seu desejo crescia?

Balanзamos a cabeзa afirmativamente.

 

- Ao nгo ceder a suas emoзхes, vocкs foram capazes de adiar suas rea-

зуes e pensar. Isso й o mais importante. Sempre sentiremos emoзхes de

medo e ambiзгo. Daqui para frente, o mais importante serб que vocкs usem

essas emoзхes a seu favor e a longo prazo e nгo apenas deixem que elas os

conduzam e controlem seus pensamentos. A maioria das pessoas usa o medo

e a ambiзгo contra si mesmas. Isso й o comeзo da ignorвncia. Grande parte

das pessoas passa a vida atrбs de contracheques, aumentos salariais e segu-

ranзa no emprego por causa dessas emoзхes de desejo e medo, sem se ques-

tionar realmente para onde esses pensamentos conduzidos pela emoзгo as

estгo levando. Й como a histуria do burro que movimenta o carro enquanto

seu dono fica balanзando uma cenoura а frente de seu nariz. O dono do

burro pode estar indo aonde deseja ir, mas o burro estб correndo atrбs de

uma ilusгo. Amanhг sу haverб outra cenoura para o burro.

 

- O senhor quer dizer que no momento em que eu imaginei a nova luva

de beisebol, os doces e os brinquedos, isso era como a cenoura para o bur-

ro? - perguntou Mike.

 

- Isso mesmo! E quando vocк crescer os brinquedos serгo mais caros.

Um carro novo, uma lancha e uma casa grande para impressionar seus ami-

gos - disse pai rico com um sorriso. - O medo empurra para fora da porta e

o desejo o atrai, fazendo com que vocкs vгo de encontro ao rochedo. Esta й

a armadilha.

 

- E qual й a resposta? - perguntou Mike.

 

- O que aumenta o medo e o desejo й a ignorвncia. E por isso que

pessoas ricas com muito dinheiro muitas vezes tкm mais medo а medida

que ficam mais ricas. O dinheiro й a cenoura, a ilusгo. Se o burro pudesse

entender todo o contexto, ele poderia pensar duas vezes antes de sair cor-

rendo atrбs da cenoura.

 

Pai rico passou a explicar que a vida humana й uma luta entre a ignorвncia

e o esclarecimento. Explicou que ao deixarmos de buscar informaзгo e conhecimento sobre nуs mesmos, instala-se a ignorвncia. A luta й uma decisгo

feita momento a momento - de aprender a abrir ou fechar a prуpria mente.

 

-Veja, a escola й muito, muito importante. Vocкs vгo а escola para aprender uma habilidade ou uma profissгo e poder se tornar um membro ъtil das

sociedade. Cada cultura necessita de professores, mйdicos, artistas, cozinheiros, homens de negуcios, policiais, bombeiros, soldados. A escola os

:reina de modo que nossa cultura possa florescer - disse pai rico. - Infelizmente para muita gente a escola й o fim e nгo o inнcio.

 

Fez-se um longo silкncio. Pai rico sorria. Nгo entendi tudo o que ele

disse naquele dia. Mas como ocorre com a maioria dos grandes mestres,

cujas palavras continuam repercutindo por muitos anos, muitas vezes atй

depois que se foram, suas palavras estгo comigo atй hoje.

 

- Hoje me mostrei um pouco cruel - disse pai rico. - Cruel por um

motivo. Queria que vocкs sempre se lembrassem desta conversa. Quero que

pensem sempre na senhora Martin. Quero que pensem sempre no burro.

Nгo esqueзam nunca, porque as duas emoзхes, medo e desejo, podem levб-

los а maior armadilha da vida, se nгo tiverem consciкncia de que elas estгo

controlando seu pensamento. Passar a vida com medo, nгo explorando jamais seus sonhos, й cruel. Trabalhar arduamente por dinheiro, pensando que este comprarб aquilo que lhes trarб felicidade й tambйm cruel. Acordar no meio da noite apavorado com as contas a pagar й uma forma de vida horrнvel.

Viver uma vida determinada pelo montante de seu contracheque nгo й realmente viver. Pensar que um emprego os farб sentir-se seguros й mentir para

vocкs mesmos. Й cruel e й a armadilha que quero que evitem, se possнvel. Vi

como o dinheiro conduz a vida das pessoas. Nгo deixem que isso aconteзa

com vocкs. Por favor, nгo deixem o dinheiro dominar suas vidas.

 

Uma bola de beisebol rolou para nossa mesa. Pai rico a pegou e a lanзou

de volta.

 

- O que a ignorвncia tem a ver com a ambiзгo e o medo? - perguntei.

 

- E a ignorвncia sobre o dinheiro que causa tanta ambiзгo e tanto medo

 

- disse pai rico. - Vou dar alguns exemplos. Um mйdico, querendo mais

dinheiro para sustentar melhor sua famнlia, aumenta o preзo de suas consultas. Isso prejudica principalmente os mais pobres, de modo que estes tкm

saъde pior do que aqueles que tкm dinheiro.

E continuou:

 

- Como os mйdicos aumentam suas consultas, os advogados tambйm

aumentam sua remuneraзгo. Como a remuneraзгo dos advogados aumentou, os professores querem um aumento, o que provoca um aumento dos

impostos e assim por diante. Logo, logo, a disparidade entre ricos e pobres

serб tгo grande que surgirб o caos e outra civilizaзгo entrarб em colapso. As

grandes civilizaзхes entraram em colapso porque a distвncia entre os que

tкm e os que nгo tкm era grande demais. Os EUA estгo seguindo o mesmo

 

caminho, provando mais uma vez que a histуria se repete, porque nгo aprendemos com ela. Sу decoramos mecanicamente datas e nomes e nгo a liзгo.

 

- E os preзos nгo aumentam? - perguntei.

 

- Nгo numa sociedade instruнda, com um bom governo. Os preзos na

verdade deveriam cair. Naturalmente, isso аs vezes sу й verdadeiro na teo-

ria. Os preзos sobem devido ao medo e а ambiзгo gerados pela ignorвncia.

Se as escolas ensinassem аs pessoas sobre o dinheiro, haveria mais dinheiro

e preзos mais baixos, mas as escolas estгo preocupadas em ensinar as pes-

soas a trabalhar pelo dinheiro e nгo a controlar o poder do dinheiro.

 

- Mas nгo existem escolas de negуcios? - perguntou Mike. - O senhor nгo

estб incentivando que eu vб fazer meu mestrado em uma escola de negуcios?

 

- Sim - falou pai rico. - Mas na maioria das vezes as escolas de negуcios

treinam empregados que sгo contadores sofisticados. Que os cйus nгo per-

mitam que um contador domine uma empresa! Tudo o que eles fazem й

olhar para os nъmeros, demitir gente e aniquilar o negуcio. Sei disso porque

contrato contadores. Tudo o que eles pensam й cortar custos e aumentar

preзos, o que causa mais problemas. A contabilidade й importante. Gostaria

que mais gente a conhecesse, mas, ao mesmo tempo, ela nгo mostra tudo -

acrescentou pai rico furioso.

 

- Hб uma soluзгo? - perguntou Mike.

 

- Sim - disse pai rico. - Aprenda a usar suas emoзхes para pensar e nгo

pensar com suas emoзхes. Quando vocкs, garotos, dominaram suas emo-

зхes, concordando em trabalhar de graзa para mim, sabia que havia espe-

ranзa. Quando novamente vocкs resistiram a suas emoзхes quando os ten-

tei com mais dinheiro, vocкs estavam novamente aprendendo a pensar em

vez se renderem аs emoзхes. Este й o primeiro passo.

 

- Por que esse primeiro passo й tгo importante? - perguntei.

 

- Isso vocкs terгo de descobrir. Quero que vocкs aprendam. Vou levб-

los pelo caminho dos espinhos. Й um lugar que quase todos evitam. Vou

levб-los a esse lugar aonde a maioria das pessoas tem medo de ir. Se forem

comigo, abandonarгo a ideia de trabalhar por dinheiro e aprenderгo a fazer

o dinheiro trabalhar para vocкs.

 

- E o que receberemos se formos com o senhor? O que acontecerб se

concordamos em aprender com o senhor? O que obteremos? - perguntei.

 

- O mesmo que Irmгo Coelho obteve - disse pai rico. - Libertaзгo da

Boneca de Piche.*

 

- Hб um caminho de espinhos? - perguntei.

 

*referencias a personagens de uma conhecida histуria infantil passada no sul dos EUA, Uncle Reunis, de Jod c. Harris. Com base nela, Disney criou cm 1946 o filme A Canзгo do Sul/. A boneca de Piche й usada pela raposa como isca para pegar e livrar-se de seu inimigo, o coelho. (N. T.)

 

- Sim - assentiu pai rico. - O caminho de espinhos й nosso medo e nossa

ambiзгo. A saнda estб em pфr de lado o medo e confrontar nossa ambiзгo,

nossas fraquezas, nossa carкncia. E a saнda tambйm estб na mente, na escolha de nossos pensamentos.

 

- Escolher nossos pensamentos? - perguntou Mike intrigado.

 

- Sim. Escolher o que pensamos em lugar de reagir a nossas emoзхes,

em lugar de levantar da cama e ir para o trabalho para resolver os problemas, porque estamos assombrados pelo medo de nгo ter dinheiro para pa-

gar nossas contas. O pensamento o levaria a dedicar tempo a colocar-se a si

mesmo a pergunta. Uma pergunta como: "Trabalhar com mais afinco seria a

melhor soluзгo para este problema?" A maioria das pessoas estб tгo apavorada por nгo encarar a verdade - o medo estб controlando-as - que nгo podem pensar e assim correm para sair de casa. A Boneca de Piche estб no controle. Isto й o que quero dizer quando falo em escolher os pensamentos.

 

- E como fazemos isso? - perguntou Mike.

 

- Isso й o que vou ensinar a vocкs. Vou lhes ensinar como escolher seus

pensamentos, em lugar de reagir apavorados, tomando o cafй da manha afo-

badamente e disparando porta afora.

 

- Lembrem-se do que disse antes: um emprego й apenas uma soluзгo de

curto prazo para um problema de longo prazo. A maioria das pessoas sу tem

um problema em mente e й de curto prazo. Sгo as contas do fim do mкs, a

Boneca de Piche. O dinheiro passa a conduzir suas vidas. Ou melhor dizen-

do, o medo e a ignorвncia em relaзгo ao dinheiro. Da mesma forma que

faziam seus pais, elas acordam toda manhг e vгo trabalhar por dinheiro.

Nгo tкm tempo de se perguntar se hб outra maneira. Suas emoзхes estгo no

controle de seu pensamento, nгo suas cabeзas.

 

- O senhor pode distinguir o pensar com as emoзхes do pensar com a

cabeзa? - perguntou Mike.

 

- Sim, eu ouзo isso o tempo todo - respondeu pai rico. - Ouзo coisas

como "Bem, todo o mundo tem que trabalhar". Ou "Os ricos sгo desones-

tos". Ou "Vou procurar outro emprego. Mereзo esse aumento. Eles nгo vгo

me passar para trбs". Ou "Gosto deste emprego porque ele й seguro". Em

lugar de perguntas como "O que й que eu estou perdendo aqui?", o que inter-

romperia o pensamento emocional e daria tempo de pensar com clareza.

 

Devo admitir que estava recebendo uma grande liзгo: saber quando al-

guйm estava falando a partir de suas emoзхes ou de um pensamento claro. Era

uma liзгo que me prestou bons serviзos a vida toda. Especialmente quando era

eu que estava falando a partir de uma reaзгo e nгo de um pensamento claro.

 

Enquanto caminhбvamos de volta а loja, pai rico explicou que os ricos

realmente "faziam dinheiro". Eles nгo trabalhavam por ele. Ele continuou

explicando que quando Mike e eu estбvamos cunhando pratinhas de 5 centavos com o chumbo, pensando que estбvamos fazendo dinheiro, nуs estбvamos pensando quase como os ricos. O problema й que nуs estбvamos praticando um ato ilegal. Era legal quando o governo e os bancos faziam isso, mas nгo quando nуs o fazнamos. Ele explicou que havia formas legais de fazer dinheiro e formas ilegais.

 

Pai rico continuou explicando que os ricos sabiam que o dinheiro era

uma ilusгo, como a cenoura para o burro. E em virtude do medo e da ambiзгo que milhхes de pessoas aceitam a ilusгo de que o dinheiro й real. O dinheiro й uma ficзгo. Somente a ilusгo de confianзa e a ignorвncia das massas permite que o castelo de cartas fique em pй. "De fato" disse ele, "de vбrias maneiras a cenoura do burro й mais valiosa do que o dinheiro."

 

Ele falou do padrгo ouro que vigorava nos EUA e que na verdade cada

nota de dуlar era um certificado de prata. O que o preocupava й que algum

dia o paнs pudesse abandonar o padrгo ouro e os dуlares deixassem de ser

certificados de prata.

 

- O que aconteceria, garotos, seria uma grande confusгo. Os pobres, a

classe mйdia e os ignorantes teriam suas vidas arruinadas simplesmente por-

que continuariam acreditando que o dinheiro й real e que a empresa para a

qual trabalham, ou o governo, cuidaria deles.

 

Naquele dia nгo entendemos do que ele estava falando, mas com o cor-

rer dos anos isso passou a fazer cada vez mais sentido.

 



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