Liзгo l: Os ricos nгo trabalham pelo dinheiro 


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Liзгo l: Os ricos nгo trabalham pelo dinheiro



 

- Pai, como й que a gente fica rico?

Meu pai largou o jornal.

 

- Por que vocк quer ficar rico, filho?

 

- Porque a mгe do Jimmy chegou hoje num Cadiliac novo e eles iam

passar o fim de semana na praia. Ele chamou trкs amiguinhos, mas o Mike e

eu nгo fomos convidados. Eles disseram que nгo chamavam a gente porque

йramos "garotos pobres".

 

- Falaram isso mesmo? - perguntou meu pai, incrйdulo.

 

- Falaram mesmo - respondi magoado.

 

Meu pai balanзou a cabeзa em silкncio, ajeitou os уculos e voltou para a

leitura do jornal. Fiquei esperando a resposta.

 

Era o ano de 1956. Eu tinha nove anos. Por algum golpe de sorte, eu

frequentava a mesma escola pъblica onde estudavam os filhos dos ricos. A

cidade vivia especialmente em funзгo das usinas de aзъcar. Os gerentes das

usinas e outras pessoas influentes da cidade, como mйdicos, proprietбrios

de estabelecimentos comerciais e gerentes de bancos, matriculavam seus

filhos nessa escola. Terminado o primeiro grau, estes iam em geral para

colйgios particulares. Eu fazia parte desta escola porque minha famнlia mo-

rava num lado da rua. Se morasse do outro lado, eu teria ido para uma

escola diferente e meus colegas seriam de famнlias mais parecidas com a

minha. Concluнdo o primeiro grau, estes garotos e eu farнamos o segundo

grau tambйm em escolas pъblicas. Nгo havia colйgios particulares para eles

ou para mim.

 

Meu pai finalmente largou o jornal. Senti que estava pensando.

 

- Filho - comeзou lentamente. - Se vocк quiser ficar rico, vocк tem que

aprender a ganhar dinheiro.

 

- E como ganho dinheiro? - perguntei.

 

- Use sua cabeзa, filho - respondeu sorrindo. O que na verdade queria

dizer: "Isso й tudo o que vou lhe dizer" ou "Nгo sei a resposta, de modo que

nгo me perturbe".

 

Forma-se uma parceria

 

Na manhг seguinte, contei para meu melhor amigo, Mike, o que meu pai

tinha falado. Tenho a impressгo de que Mike e eu йramos os ъnicos garotos

pobres da escola. Tambйm Mike estava nessa escola por um golpe de sorte.

Alguйm tinha traзado aleatoriamente a linha divisуria dos distritos escola-

res e nуs acabamos na escola dos garotos ricos. Nгo йramos pobres de ver-

dade, mas sentнamos como se fфssemos porque os demais garotos tinham

luvas de beisebol novas, bicicletas novas, tudo novo.

 

Mгe e pai nos davam o bбsico, comida, teto, roupa. Mas isso era tudo.

Meu pai costumava falar: "Se vocк quiser alguma coisa, trabalhe para obtк-

la." Querнamos muitas coisas, mas nгo havia muito trabalho disponнvel para

garotos de nove anos.

 

- E entгo como ganhamos dinheiro? - perguntou Mike.

 

- Nгo sei - respondi. - Mas vocк quer ser meu sуcio?

 

Ele concordou e, naquele sбbado de manhг, Mike se tornou meu primei-

ro sуcio nos negуcios. Gastamos toda a manhг imaginando formas de ga-

nhar dinheiro. De vez em quando falбvamos dos "caras legais" que estavam

se divertindo na casa de praia de Jimmy. Sentнamos uma certa mбgoa, mas

era uma mбgoa boa, pois nos inspirou a ficar pensando em como ganhar

dinheiro. Finalmente, nessa tarde, um lampejo surgiu em nossas mentes.

Era uma ideia que Mike havia tirado de um livro de ciкncias que lera. Em-

polgados, demos um aperto de mгo e a sociedade agora tinha um objetivo.

 

Durante as semanas seguintes, Mike e eu percorremos a vizinhanзa pe-

dindo aos vizinhos que guardassem para nуs os tubos vazios de pasta de

dentes. Intrigados, muitos adultos concordavam sorrindo. Alguns pergunta-

vam o que estбvamos fazendo. Respondнamos: "Nгo dб para contar, й um

segredo de negуcios."

 

Conforme as semanas passavam, mamгe ficava nervosa. Tнnhamos es-

colhido um lugar perto da mбquina de lavar roupas para estocar nossa matй-

ria-prima. Numa caixa de papelгo, que contivera vidros de molho de toma-

te, acumulava-se nossa pilha de tubos de pasta de dentes usados.

 

Finalmente, mamгe deu uma bronca. Nгo aguentava mais ver aquele

monte de tubos espremidos na maior confusгo.

 

- O que vocкs estгo fazendo, garotos? - perguntou. - E nгo me venham

novamente com a desculpa de que й um segredo de negуcios. Dкem um jeito

nesta bagunзa ou jogo tudo fora.

 

Mike e eu argumentamos, explicamos que em breve terнamos o suficien-

te para comeзar a produзгo. Dissemos que estбvamos esperando que alguns

vizinhos acabassem de usar suas pastas para que pudйssemos recolher os

tubos. Mamгe nos deu uma semana de prazo.

 

Antecipamos a data do inнcio da produзгo. A pressгo aumentava. Minha

primeira sociedade jб estava sendo ameaзada por uma notificaзгo de despejo

do nosso armazйm, feita por minha prуpria mгe. Mike se encarregou de apres-

sar o consumo das pastas, informando que os dentistas recomendavam esco-

vaзгo mais frequente dos dentes. Comecei a instalar a linha de produзгo.

 

Um dia meu pai chegou em casa com um amigo para mostrar como "os

garotos" operavam a linha de produзгo a todo vapor, perto da garagem. Por

todo o lugar havia uma fina poeira branca. Numa mesa comprida se alinha-

vam embalagens de leite trazidas da escola e no forno japonкs da famнlia as

brasas do carvгo brilhavam gerando o mбximo de calor.

 

Papai caminhava com cuidado, o carro fora estacionado prуximo ao portгo

da rua porque a linha de produзгo estava na frente da porta da garagem.

Quando ele e seu amigo se aproximaram, viram uma vasilha de aзo em cima

das brasas, e dentro dela os tubos de pasta de dentes derretiam. Naquela

йpoca nгo havia tubos de pasta de dentes de plбstico, eles eram de chumbo.

Por isso, depois que a pintura queimava, os tubos dentro da vasilha derretiam

atй ficarem lнquidos. Com a ajuda do pegador de panela da mamгe, nуs des-

pejбvamos o chumbo derretido atravйs de um pequeno furo nas embalagens

de leite, que estavam recheadas de gesso.

 

O pу branco do gesso que ainda nгo fora misturado а бgua estava por

toda parte. Com a pressa tнnhamos derrubado o saco de gesso e parecia que

toda a бrea fora atingida por uma nevasca. As embalagens de leite vazias

serviam para fazer moldes de gesso. Meu pai e seu amigo nos observavam

enquanto vertнamos o chumbo derretido num pequeno buraco no topo de

um cubo de gesso.

 

- Cuidado - disse meu pai.

Fiz que sim com a cabeзa, sem olhar para cima.

Quando terminei de colocar o chumbo derretido, larguei a vasilha e sor-

n para meu pai.

 

- O que vocкs estгo fazendo? - perguntou com um sorriso cauteloso.

 

- Estamos fazendo o que vocк me mandou fazer. Estamos nos tornando

ricos - respondi.

 

- Somos sуcios - disse Mike sorrindo e balanзando a cabeзa.

 

- E o que hб nesses moldes de gesso? - perguntou papai.

 

- Veja - falei. - Esta vai ser uma boa fornada.

 

Com um pequeno martelo, bati no selo que dividia o cubo em dois. Com

cuidado, puxei a parte de cima do molde de gesso e uma moedinha de chum-

bo caiu.

 

- Minha nossa! - falou papai. - Vocкs estгo cunhando moedinhas de

chumbo!

 

- Certo - falou Mike. - Estamos fazendo o que o senhor disse. Estamos

fazendo* dinheiro.

 

O amigo de meu pai se virou e caiu na gargalhada. Meu pai sorriu e

balanзou a cabeзa. А sua frente estavam, alйm do fogo e da caixa de tubos

de pasta de dentes vazios, dois garotos cobertos por uma poeira branca

rindo de orelha a orelha.

 

Meu pai pediu que largбssemos tudo e nos sentбssemos com ele no de-

grau da frente de casa. Sorrindo nos explicou carinhosamente o que signifi-

cava a palavra "falsificaзгo".

 

Nossos sonhos estavam desfeitos.

 

- Vocк quer dizer que isto й ilegal? - perguntou Mike com um soluзo na voz.

 

- Deixe eles - disse o amigo do meu pai. - Eles podem estar desenvol-

vendo um talento natural.

 

Meu pai olhou para ele, furioso.

 

- Sim, й ilegal - falou papai calmamente. - Mas vocкs demonstraram

muita criatividade e ideias originais. Continuem, estou orgulhoso de vocкs!

 

Desapontados, Mike e eu ficamos sentados uns vinte minutos antes de

comeзarmos a arrumar a bagunзa. O negуcio fora encerrado no prуprio dia

da inauguraзгo. Varrendo a poeira, olhei para Mike e falei:

 

- Acho que Jimmy e os amigos dele estavam certos. Somos pobres.

Quando falei isso meu pai jб estava saindo.

 

- Garotos - falou -, vocкs sу serгo pobres se desistirem. O mais impor-

tante й que fizeram alguma coisa. Muitas pessoas falam e sonham em ficar

ricas. Vocкs fizeram alguma coisa. Estou muito orgulhoso de vocкs. Repito.

Continuem. Nгo desistam.

 

Mike e eu ficamos quietos, calados. Eram palavras simpбticas, mas nуs

ainda nгo sabнamos o que fazer.

 

- Entгo por que vocк nгo й rico, papai? - perguntei.

 

- Porque resolvi ser professor. Os professores nгo estгo muito preocu-

pados em ficar ricos. Nуs gostamos de ensinar. Gostaria de poder ajudar

vocкs, mas na verdade nгo sei como ganhar dinheiro.

 

Em inglкs usa-se a mesma expressгo para significar fazer e ganhar dinheiro, make money. (N. T.)

 

Mike e eu voltamos а arrumaзгo.

 

- E - falou meu pai -, se vocкs querem aprender como enriquecer, nгo

perguntem para mim. Falem com seu pai, Mike.

 

- Meu pai? - perguntou Mike surpreso.

 

- Sim, seu pai - repetiu papai com um sorriso. - Seu pai e eu temos

conta no mesmo banco e o gerente estб encantado com seu pai. Ele me disse

vбrias vezes que seu pai й brilhante quando se trata de ganhar dinheiro.

 

- Meu pai? - repetiu Mike, incrйdulo. - Entгo por que nгo temos uma

casa bonita, um carrгo como os garotos ricos da escola?

 

- Um carrгo e uma casa bonita nгo querem necessariamente dizer que

vocк й rico ou que tem muito dinheiro - respondeu papai. - O pai do Jimmy

trabalha na usina. Ele nгo й muito diferente de mim. Ele trabalha para uma

empresa e eu trabalho para o governo. A empresa compra o carro para ele.

Se a usina tiver problemas financeiros, o pai do Jimmy pode acabar sem

nada. Seu pai й diferente, Mike. Ele parece estar construindo um impйrio e

desconfio que em alguns anos ele serб um homem muito rico.

 

Ao ouvir isso, Mike e eu nos empolgamos novamente. Mais dispostos,

limpamos a confusгo provocada por nosso defunto negуcio. Enquanto lim-

pбvamos, fazнamos planos sobre quando e onde falar com o pai de Mike.

O problema й que o pai de Mike trabalhava muito e, аs vezes, chegava

muito tarde em casa. Ele era dono de armazйns, de uma empresa de cons-

truзгo, de uma cadeia de lojas e de trкs restaurantes. Eram os restaurantes

que o faziam voltar para casa tarde.

 

Acabada a limpeza, Mike se despediu. Ele iria falar com seu pai а noite e

perguntar se este queria nos ensinar a ficar ricos. Mike prometeu me ligar

assim que tivesse uma resposta, mesmo que fosse tarde.

 

Аs 20:30 tocou o telefone.

 

- OK - falei. - Sбbado que vem - e desliguei. O pai de Mike concordara

 

em conversar conosco.

 

Аs 7:30 de sбbado, peguei o фnibus para o lado pobre da cidade.

 

Comeзam as liзхes

 

"Vou pagar a vocкs 10 centavos por hora".

 

Mesmo pкlos padrхes de remuneraзгo vigentes em 1956, era pouco.

Michael e eu encontramos seu pai аs 8:00 daquela manhг. Ele estava

ocupado e trabalhando hб mais de uma hora. Seu supervisor de construзхes

Jб estava saindo na caminhonete quando entrei naquele lar simples, peque-

no, arrumado. Mike me esperava na porta.

 

- Papai estб no telefone, e ele falou para esperar na varanda dos fundos

- disse Mike ao abrir a porta.

 

O antigo assoalho de madeira chiou quando passei pela soleira da velha

casa. Do lado de fora havia um capacho simples escondendo os muitos anos

de uso e os incontбveis passos que suportara. Apesar de limpo, precisava ser

substituнdo.

 

Quando entrei na sala estreita senti claustrofobia. O cуmodo estava

mobiliado com mуveis que hoje seriam objeto de colecionadores. Duas

mulheres estavam sentadas no sofб, eram um pouco mais velhas do que a

minha mгe. Em frente аs mulheres estava um homem em trajes de trabalha-

dor. Ele vestia calзa e camisa caquis, bem passados mas nгo engomados, e

calзava botas de trabalho bem engraxadas. Deveria ser uns dez anos mais

velho que papai; diria que tinha uns 45 anos. Eles sorriram quando Mike e

eu passamos em direзгo а cozinha, de onde se saнa para um pбtio nos fun-

dos. Timidamente devolvi o sorriso.

 

- Quem sгo eles? - perguntei.

 

- Ah, eles trabalham para papai. O mais velho dirige seus armazйns e as

mulheres sгo gerentes dos restaurantes. E vocк jб viu o supervisor das cons-

truзхes, que estб trabalhando em um projeto rodoviбrio, a uns 80 quilуme-

tros daqui. O outro supervisor, que cuida da construзгo das casas, saiu an-

tes de vocк chegar.

 

- Isso acontece o tempo todo? - perguntei.

 

- Nem sempre mas muitas vezes - disse Mike sorrindo enquanto puxa-

va uma cadeira para sentar perto de mim.

 

- Perguntei ao papai se ele vai nos ensinar a ganhar dinheiro - disse Mike.

 

- E o que ele respondeu? - perguntei com cautelosa curiosidade.

 

- Bom, primeiro me encarou com uma expressгo engraзada, e entгo

falou que iria nos fazer uma oferta.

 

- Oh - respondi balanзado a cadeira para trбs em direзгo а parede; a

cadeira em que sentava se sustentava nos pйs de trбs.

Mike fazia o mesmo.

 

- Vocк sabe o que ele vai nos oferecer? - perguntei.

 

- Nгo, mas a gente jб vai descobrir.

 

De repente o pai de Mike passou pela porta de tela e pisou no alpendre.

Mike e eu pulamos, ficando em pй nгo por respeito mas pelo susto que

levamos.

 

- Prontos garotos? - perguntou o pai de Mike, puxando uma cadeira

 

para sentar perto de nуs.

 

Fizemos que sim com a cabeзa e aproximamos as cadeiras.

Ele era um homem grande, com cerca de 1,80 metro e 100 quilos. Meu

pai era mais alto, pesava mais ou menos o mesmo e era cinco anos mais

velho que o pai de Mike. Eles eram de certo modo parecidos, embora de

origens йtnicas diferentes. Talvez tivessem energias semelhantes.

 

- Mike falou que vocк quer aprender a ganhar dinheiro? E isso mesmo,

 

Robert?

 

Rapidamente assenti com a cabeзa, nгo sem uma pequena sensaзгo de

intimidaзгo. Senti muito poder por trбs de suas palavras e de seu sorriso.

 

- Muito bem, eis a minha oferta. Vou ensinar a vocкs, mas nгo como em

uma sala de aula. Vocкs trabalham para mim, eu ensino a vocкs. Vocкs nгo

trabalham para mim, eu nгo ensino a vocкs. Posso ensinar mais rбpido se

trabalharem, e nгo fico perdendo tempo se sу ficarem sentados escutando,

como fazem na escola. Esta й minha oferta. E pegar ou largar.

 

- Posso fazer uma pergunta... antes? - falei.

 

- Nгo. Й pegar ou largar. Tenho trabalho demais para perder tempo. De

qualquer modo, se vocк nгo puder se decidir logo, nгo vai aprender nunca a

ganhar dinheiro. As oportunidades vкm e vгo. Ser capaz de tomar decisхes

rбpidas й uma habilidade importante. Vocк tem uma oportunidade que pe-

diu. As aulas comeзam em dez segundos - respondeu o pai de Mike com um

sorriso incentivador.

 

- Topo - respondi.

 

- Topo - respondeu Mike.

 

- Bom - falou o pai de Mike -, a senhora Martin vai chegar daqui a dez

minutos. Depois que eu conversar com ela, vocкs a acompanham atй minha

lojinha e jб podem comeзar. Vou lhes pagar 10 centavos por hora e vocкs

terгo que trabalhar trкs horas todo sбbado.

 

- Mas hoje tenho jogo de beisebol - falei.

 

O pai de Mike abaixou a voz e falou com seriedade.

 

- E pegar ou largar - disse.

 

- Topo - respondi, decidindo trabalhar em lugar de jogar beisebol.

 

Centavos depois

 

As 9:00 de uma bela manhг de sбbado, Mike e eu estбvamos trabalhan-

do para a senhora Martin. Ela era uma mulher bondosa e paciente. Sempre

dizia que eu e Mike a lembrбvamos de seus dois filhos que jб estavam cres-

cidos e nгo moravam com ela. Apesar de bondosa, ela acreditava no traba-

lho бrduo e nos fazia trabalhar. Era uma chefe rigorosa. Passбvamos trкs

horas pegando latas das prateleiras e espanando-as para depois recolocб-las

"o lugar. Era uma tarefa incrivelmente monуtona.

 

O pai de Mike, que eu chamo de meu pai rico, era dono de nove dessas

lojinhas com amplos estacionamentos. Eram as primeiras versхes das lojas

de conveniкncia. Nesses pequenos armazйns de bairro as pessoas compra-

vam artigos como leite, pгo, manteiga e cigarros. O problema й que no Havaн,

e isto aconteceu antes do ar-condicionado, nгo se podia fechar a porta das

lojas por causa do calor. Nestas havia duas amplas portas que davam para a

rua e para o estacionamento. Cada vez que um carro passava ou estaciona-

va, levantava poeira que se acumulava nas prateleiras.

 

Portanto, tнnhamos um emprego que duraria enquanto nгo houvesse ar-

condicionado.

 

Durante trкs semanas Mike e eu comparecemos aos sбbados а loja da

senhora Martin e trabalhamos durante trкs horas. Ao meio-dia terminava

nosso trabalho e ela nos dava trкs pratinhas de 10 centavos. Mas nem

aos nove anos, em meados da dйcada de 1950, 30 centavos eram algo

muito empolgante. Na йpoca um gibi custava 10 centavos, de modo que

em geral eu gastava meu dinheiro com revistas em quadrinhos e voltava

para casa.

 

Na quarta-feira da quarta semana, eu jб estava a fim de largar. Tinha

concordado em trabalhar sу porque eu queria aprender a ganhar dinhei-

ro com o pai do Mike, mas agora era um escravo por 10 centavos a hora.

E, ainda por cima, nгo tinha voltado a ver o pai do Mike desde aquele

sбbado.

 

- Desisto - falei para Mike na hora do almoзo. O almoзo da escola era

horrнvel. A escola era monуtona e agora jб nem podia esperar pкlos sбbados.

Mas o que estava me perturbando eram os 30 centavos.

 

Desta vez Mike sorriu.

 

- De que й que vocк estб rindo? - perguntei zangado e frustrado.

 

- Papai falou que isso ia acontecer. Ele disse para vocк procurб-lo quan-

do estivesse a fim de largar.

 

- O quк? - disse indignado. - Ele estб esperando que eu fique saturado?

 

- Por aн - falou Mike. - O papai й meio diferente, ele ensina de modo

diferente do seu pai. Seu pai e sua mгe falam muito. Meu pai й tranquilo e

caladгo. Espere atй sбbado. Vou falar para ele que vocк estб a fim de largar.

 

- Vocк estб dizendo que eu fui enrolado?

 

- Nгo, nгo й isso, mas pode ser. Papai vai explicar no sбbado.

 

 

Fazendo fila no sбbado

 

Estava pronto e preparado para enfrentб-lo. Atй meu pai de verdade

estava furioso com ele. Meu verdadeiro pai, aquele que chamo de pai pobre,

pensou que meu pai rico estava infringindo a legislaзгo sobre trabalho de

menores e deveria ser investigado.

 

Meu instruнdo pai pobre me falou que eu deveria exigir o que merecia.

Pelo menos 25 centavos por hora. Falou ainda que se nгo conseguisse o

aumento deveria me demitir imediatamente.

 

- De qualquer maneira vocк nгo precisa dessa droga de emprego - falou

meu pai pobre indignado.

 

Аs 8:00 da manhг de sбbado eu estava entrando pela velha porta da casa

de Mike.

 

- Sente e espere na fila — falou o pai do Mike quando entrei. Ele entгo

se virou e foi para o pequeno escritуrio que ficava junto de um quarto de

dormir.

 

Olhei em volta e nгo vi Mike em lugar algum. Achando tudo meio esqui-

sito, sentei perto daquelas duas mulheres, as mesmas que lб estavam trкs

semanas antes. Elas sorriram e me deram um lugar no sofб.

 

Passaram-se 45 minutos e eu estava possesso. As duas mulheres jб ti-

nham falado com ele e saнdo hб meia hora. Um senhor mais velho ficou lб

vinte minutos e foi embora.

 

A casa estava vazia e eu sentado na sala antiquada, escura, numa bela

manhг do Havaн, esperando para falar com um avarento explorador de me-

nores. Podia ouvi-lo se movimentando no escritуrio, falando ao telefone e

me ignorando. Queria sair dali, mas por alguma razгo fiquei.

 

Finalmente, quinze minutos depois, exatamente аs 9:00, o pai rico apa-

receu sem dizer palavra e me fez sinal com a mгo para entrar no modesto

escritуrio.

 

- Parece que vocк estб querendo um aumento ou vai largar - falou pai

rico rodando a cadeira giratуria.

 

- Bem, o senhor nгo estб cumprindo sua parte do acordo - falei quase

em prantos. Para um garoto de nove anos era de fato apavorante confron-

tar um adulto. - O senhor falou que, se eu trabalhasse para o senhor, o

senhor ia me ensinar. Eu trabalhei. Dei duro. Larguei meus jogos de beise-

bol para trabalhar. E o senhor nгo cumpriu sua palavra. Nгo me ensinou

nada. O senhor й um desonesto, como todo o mundo fala. O senhor й

ganancioso. O senhor sу quer todo o dinheiro e nгo se preocupa com seus

empregados. O senhor me deixou esperando e nгo me respeita. Eu sou

apenas um garoto e mereзo ser tratado melhor.

 

De sua cadeira giratуria, as mгos no queixo, o pai rico me fitava. Parecia

que estava me estudando.

 

- E, nada mau - falou. - Em menos de um mкs vocк jб se parece com a

maioria dos meus empregados.

 

- O quк? - exclamei. Como nгo entendia o que ele estava falando conti-

nuei reclamando. - Pensei que o senhor ia cumprir sua parte do acordo e me

ensinar. Em lugar disso o senhor quer me torturar? Isso й cruel. Muito cruel.

 

- Estou lhe ensinando - falou calmamente o pai rico.

 

- O que o senhor me ensinou? Nada! - repliquei furioso. - Nem falou

comigo depois que eu aceitei trabalhar por uma merreca. Dez centavos por

hora. Eu devia denunciar o senhor ao governo. Existem leis sobre o trabalho

infantil, o senhor sabe disso. Meu pai trabalha para o governo.

 

- Uau! - disse pai rico. - Agora vocк parece com a maioria das pessoas

que trabalharam para mim. Pessoas que eu mandei embora ou que se demi-

tiram.

 

- O que o senhor tem a me dizer? - questionei, sentindo-me muito cora-

joso para um moleque. - O senhor mentiu para mim. Trabalhei e o senhor

nгo manteve sua palavra. Nгo me ensinou nada.

 

- E como vocк sabe que nгo lhe ensinei nada? - perguntou calmamente

pai rico.

 

- Bom, o senhor nunca falou comigo. Trabalhei trкs semanas e o senhor

nгo me ensinou nada - disse com cara de zangado.

 

- Ensinar quer dizer falar ou dar uma aula? - perguntou pai rico.

 

- Sim, lуgico - respondi.

 

- Й assim que a escola ensina - ele disse sorrindo. - Mas nгo й assim que

a vida ensina vocк e eu diria que a vida й o melhor dos mestres. Na maioria das

vezes a vida nгo fala com vocк. E mais como se ela lhe desse um empurrгo.

Cada empurrгo й a vida dizendo "Acorde. Quero que aprenda alguma coisa".

 

"Do que este cara estб falando?", pensei com meus botхes. "A vida me

empurrando era a vida falando comigo?" Agora tinha certeza de que deveria

largar o emprego. Eu estava falando com alguйm que nгo regulava bem.

 

- Se vocк aprender as liзхes da vida, vocк vai se dar bem. Se nгo, a vida

vai continuar dando trancos em vocк. Alguns apenas deixam a vida conti-

nuar batendo neles. Outros ficam zangados e batem de volta. Mas eles

batem no patrгo ou no emprego, no marido ou na mulher. Eles nгo sabem

que й a vida que estб batendo.

 

Eu nгo tinha a menor ideia do que ele estava falando.

 

- A vida bate em todos nуs. Alguns desistem. Outros lutam. Alguns apren-

dem a liзгo e seguem em frente. Eles recebem satisfeitos os trancos da vida.

Para estes, isso quer dizer que precisam e querem aprender alguma coisa.

Eles aprendem e prosseguem em frente. A maioria desiste e uns poucos,

como vocк, lutam.

 

Pai rico ficou em pй e fechou a velha janela de madeira que precisava de

conserto. Continuou:

 

- Se vocк aprender esta liзгo, vocк se tornarб um jovem sбbio, rico e

feliz. Se vocк nгo aprender, passarб a vida culpando um emprego, um baixo

salбrio ou seu chefe pкlos seus problemas. Passarб sua vida esperando por

um golpe de sorte que resolva seus problemas de dinheiro.

 

Pai rico olhou para mim a fim de verificar se eu ainda estava ouvindo.

Seus olhos encontraram os meus. Estabeleceu-se uma comunicaзгo entre

nossos olhares. Finalmente, me afastei ao perceber que tinha assimilado

esta ъltima mensagem. Sabia que ele estava certo. Eu o estava culpando e eu

tinha pedido para aprender. Eu estava lutando.

 

Pai rico continuou:

 

- Se for o tipo de pessoa que nгo tem garra, desistirб toda vez que a vida

bater em vocк. Se for uma pessoa assim, passarб sua vida buscando seguran-

зa, fazendo as coisas certas, esperando por algo que nunca vai acontecer. E,

entгo, morrerб como um velho rabugento. Terб um monte de amigos que

gostam de vocк, porque й um cara trabalhador. Vocк passa a vida na rotina,

fazendo as coisas certas. Mas a verdade й que a vida o leva а submissгo. No

fundo, no fundo, vocк tem pavor de se arriscar. Queria, na verdade, vencer,

mas o medo de perder й maior do que o entusiasmo da vitуria. No нntimo, sу

vocк saberб que nгo foi atrбs disso. Vocк escolheu a seguranзa.

 

Nossos olhos voltaram a se encontrar. Por dez segundos ficamos nos

encarando e sу depois que a mensagem foi recebida nossos olhos se afasta-

ram.

 

- O senhor estava "me empurrando"? - perguntei.

 

- Algumas pessoas achariam isso - sorriu pai rico. - Eu diria que apenas

lhe mostrei o gostinho da vida.

 

- Que gostinho da vida? - respondi ainda zangado, mas agora curioso.

Pronto, atй, para aprender.

 

- Vocкs dois, garotos, foram as primeiras pessoas na vida que me pedi-

ram para lhes ensinar a ganhar dinheiro. Tenho mais de 150 empregados e

nenhum deles me perguntou o que eu sei sobre dinheiro. Eles me pedem um

emprego e um salбrio, mas nunca que lhes ensine sobre o dinheiro. De modo

que a maioria deles passarб os melhores anos de suas vidas trabalhando pelo

dinheiro, sem entender realmente para que й que eles estгo trabalhando.

 

Eu estava ouvindo atentamente.

 

- Assim, quando Mike falou que vocк queria aprender como ganhar

dinheiro, resolvi planejar um curso que se aproximasse da vida real. Eu po-

deria falar horas, mas vocк nгo escutaria nada. Portanto resolvi deixar que a

vida batesse um pouco em vocк para que pudesse me escutar. E por isso que

sу pago 10 centavos.

 

- E qual й a liзгo que aprendi trabalhando por apenas 10 centavos a

hora? - perguntei. - Que vocк й mesquinho e explora seus empregados?

 

Pai rico se inclinou para trбs e soltou uma gargalhada. Finalmente, quan-

do parou de rir, falou:

 

- E melhor que vocк mude seu ponto de vista. Pare de culpar-me pensan-

do que eu sou o problema. Se vocк pensa que eu sou o problema, entгo terб

 

que me modificar. Se perceber que vocк й o problema, entгo poderб modifi-

car a si mesmo, aprender alguma coisa e tornar-se mais sбbio. A maioria das

pessoas quer que todos no mundo mudem, menos elas prуprias. Mas eu lhe

digo: й mais fбcil mudar a si prуprio que a todos os demais.

 

- Nгo entendo - falei.

 

- Nбo me culpe por seus problemas - falou pai rico dando sinais de

impaciкncia.

 

- Mas o senhor sу me paga 10 centavos.

 

- E entгo, o que vocк estб aprendendo? - perguntou pai rico com um

sorriso.

 

- Que o senhor й mesquinho - respondi com uma risadinha.

 

- Estб vendo, vocк acha que eu sou o problema - retrucou pai rico.

 

- Mas o senhor й.

 

- Bem, continue assim e vocк nгo aprenderб nada. Pense que sou o pro-

blema, entгo quais sгo suas escolhas?

 

- Bem, se o senhor nгo me pagar mais ou nгo me respeitar mais e me

ensinar, eu largo tudo.

 

- Muito bem - disse pai rico. - E isso й exatamente o que faz a maioria

das pessoas. Elas se demitem e comeзam a procurar outro emprego, uma

oportunidade melhor e um salбrio mais alto, pensando que um novo empre-

go ou um salбrio mais alto resolverгo o problema. Nгo й o que acontece na

maioria dos casos.

 

- Entгo, o que resolve o problema? - perguntei. - Pegar esses miserбveis

10 centavos por hora e sorrir?

Pai rico sorriu:

 

- Isso й o que fazem as outras pessoas. Apenas aceitam o pagamento

sabendo que eles e suas famнlias lutarгo com dificuldades financeiras. Mas й

tudo o que fazem, esperando um aumento na ilusгo de que mais dinheiro

resolverб o problema. A maioria se conforma e alguns procuram um segun-

do emprego, trabalhando mais, mas continuam aceitando um contracheque

нnfimo.

 

Fiquei olhando para o chгo, comeзando a entender a liзгo que pai rico

estava apresentando. Podia sentir que tinha um gosto de vida. Finalmente,

olhei para cima e repeti a pergunta:

 

- Entгo, o que й que resolve o problema?

 

- Isto - disse ele dando-me um ligeiro tapinha na cabeзa. - Essa coisa

que estб entre suas orelhas.

 

Foi nesse momento que pai rico me mostrou o ponto de vista central que

o separava de seus empregados e de meu pai pobre - e que mais tarde o

levou a tornar-se um dos homens mais ricos do Havaн, enquanto meu pai,

muito instruнdo mas pobre, lutou com problemas financeiros durante toda

sua vida. Era um ponto de vista singular que fez toda a diferenзa durante

uma vida inteira.

 

Pai rico repetia de vez em quando esse ponto de vista que eu chamo a

Liзгo l.

 

"Os pobres e a classe mйdia trabalham pelo dinheiro.

Os ricos fazem o dinheiro trabalhar para eles."

 

Naquela bela manhг de sбbado eu estava aprendendo um ponto de vista

diferente daquele que meu pai pobre me ensinara. Aos nove anos de idade

eu percebia que ambos os pais queriam que eu aprendesse. Ambos me in-

centivavam a estudar... mas nгo as mesmas coisas.

 

Meu pai muito instruнdo recomendava que fizesse o que ele fizera: "Fi-

lho quero que vocк estude muito, que tenha boas notas, para que vocк possa

conseguir um bom emprego, seguro, em uma grande empresa, que lhe traga

grandes benefнcios". Meu pai rico queria que eu aprendesse como funciona

o dinheiro para que eu pudesse colocб-lo a trabalhar para mim. Essas liзхes

eu aprenderia ao longo da vida, sob sua orientaзгo e nгo na sala de aula.

 

Meu pai rico continuou a primeira liзгo:

 

- Fico contente em ver que vocк se enfureceu por trabalhar por 10 cen-

tavos a hora. Se nгo tivesse se zangado e tivesse aceitado isso satisfeito,

teria que lhe dizer que nгo poderia ensinar nada. Veja, aprender de verdade

exige energia, paixгo e um desejo ardente. A raiva й uma grande parte desta

fуrmula, pois a paixгo й uma combinaзгo de raiva e amor. No caso do di-

nheiro, a maioria das pessoas prefere nгo arriscar e se sentir seguras. Ou

seja, nгo sгo conduzidas pela paixгo, sгo conduzidas pelo medo.

 

- E por isso que elas aceitam um emprego com salбrio baixo? - pergun-

tei.

 

- Sim - respondeu pai rico. - Algumas pessoas dizem que eu exploro os

empregados porque nгo pago tanto quanto a usina de aзъcar ou o governo.

Eu digo que as pessoas se exploram a elas mesmas. O medo й delas, nгo

meu.

 

- Mas o senhor nгo acha que deveria pagar mais para elas? - indaguei.

 

- Nгo tenho que fazк-lo. E, alйm disso, mais dinheiro nгo vai resolver o

problema. Veja seu pai. Ele ganha bastante dinheiro e ainda assim nгo dб

conta das despesas. A maioria das pessoas, se receber mais dinheiro, apenas

passarб a se endividar mais.

 

- Daн os 10 centavos por hora - eu disse rindo. - E parte da liзгo.

 

- Certo - sorriu pai rico. - Vocк vк, seu pai estudou muito de modo que

conseguiu um salбrio alto. Mas ele ainda tem problemas financeiros porque

 

nunca aprendeu nada sobre dinheiro na escola. E ainda por cima, ele acredi-

ta em trabalhar pelo dinheiro.

 

- E o senhor nгo acredita? - perguntei.

 

- Nгo, de verdade nгo - disse pai rico. - Se vocк quiser aprender a

trabalhar pelo dinheiro entгo fique na escola. E um bom lugar para apren-

der isso. Mas se vocк quer aprender como fazer o dinheiro trabalhar para

vocк, entгo vou lhe ensinar como fazer. Mas sу se vocк quiser aprender.

 

- E todo o mundo nгo quer aprender isso? - indaguei.

 

- Nгo - respondeu pai rico. - Simplesmente porque й mais fбcil apren-

der a trabalhar pelo dinheiro, em especial se o medo й a principal emoзгo

quando se trata de discutir dinheiro.

 

- Nгo estou entendendo - retruquei franzindo as sobrancelhas.

 

- Nгo se preocupe com isso, por enquanto. Saiba apenas que й o medo

que faz a maioria das pessoas trabalhar num emprego. O medo de nгo pagar

as contas. O medo de ser mandado embora. O medo de nгo ter dinheiro

suficiente. O medo de comeзar de novo. Esse й o preзo de aprender uma

profissгo ou habilidade e entгo trabalhar pelo dinheiro. A maioria das pes-

soas se torna escrava do dinheiro... e fica zangada com o patrгo.

 

- Aprender a pфr o dinheiro a trabalhar para a gente й um tipo de estudo

totalmente diferente? - perguntei.

 

- Sem dъvida, sem dъvida - respondeu pai rico.

 

Ficamos sentados em silкncio contemplando a bela manhг. Meus ami-

gos deviam estar comeзando seu jogo de beisebol infantil. E, por alguma

razгo, agora eu estava feliz de ter decidido trabalhar por 10 centavos a hora.

Sentia que estava a ponto de aprender alguma coisa que meus colegas nгo

aprenderiam na escola.

 

- Pronto para aprender? - perguntou pai rico.

 

- Sem dъvida - respondi com um risinho.

 

- Estou cumprindo minha promessa. Estive ensinando a vocк de longe -

falou pai rico. - Aos nove anos de idade vocк teve um gostinho do que й

trabalhar pelo dinheiro. Multiplique seu mкs passado por quinze anos e

vocк terб uma ideia do que muitas pessoas passam a vida fazendo.

 

- Nгo entendo - falei.

 

- Como vocк se sentiu esperando na fila para falar comigo? Uma vez

para ser contratado e outra para pedir um aumento?

 

- Pйssimo - disse.

 

- Quando se opta por trabalhar pelo dinheiro, essa й a vida que levam

muitas pessoas - disse pai rico. - E como se sentiu quando a senhora Martin

pфs na sua mгo 30 centavos por trкs horas de trabalho?

 

- Achei que nгo era suficiente. Parecia que nгo valia nada. Fiquei desa-

pontado - respondi.

 

- E assim que a maioria dos empregados se sente quando recebe seus

contracheques. Especialmente com todos os descontos de impostos e ou-

tros itens. Pelo menos vocк recebeu 100%.

 

- O senhor estб dizendo que a maioria dos empregados nгo recebe tudo?

- perguntei espantado.

 

- Claro que nгo! - disse pai rico. - O governo sempre tira sua parte

antes.

 

- E como й que ele faz? - perguntei.

 

- Impostos - disse pai rico. - Vocк paga impostos quando ganha. Vocк

paga impostos quando gasta. Vocк paga impostos quando poupa. Vocк paga

impostos quando morre.

 

- Por que й que as pessoas deixam que o governo faзa isso com elas?

 

- Os ricos nгo deixam - disse pai rico com um sorriso. - Os pobres e a

classe mйdia deixam. Aposto que ganho mais que seu pai e contudo ele paga

mais impostos.

 

- E como pode ser? - perguntei. Aos nove anos de idade isso nгo fazia

sentido para mim. - Por que alguйm deixaria o governo fazer isso com ele?

 

Pai rico ficou sentado em silкncio. Acho que ele queria que eu ouvisse,

em lugar de ficar falando besteira.

 

Finalmente me acalmei. Nгo tinha gostado do que ouvira. Sabia que

meu pai vivia reclamando dos impostos que pagava, mas na verdade nгo

tomava nenhuma atitude quanto a isso. A vida estaria batendo nele?

 

Pai rico se balanзava em sua cadeira tranquilamente enquanto olhava

para mim.

 

- Pronto para aprender? - perguntou.

Fiz que sim com a cabeзa, lentamente.

 

- Como jб falei, hб muito a aprender. E aprender como se faz o dinheiro

trabalhar para a gente й estudo para uma vida inteira. A maioria das pessoas

fica quatro anos numa faculdade e aн termina os estudos. Eu sei que meu

estudo sobre o dinheiro vai continuar toda minha vida, simplesmente por-

que quanto mais sei, mais descubro que tenho que aprender ainda. As pes-

soas em geral nunca estudam o assunto. Trabalha-se, recebe-se o salбrio,

confere-se os canhotos do talгo de cheques e isso й tudo. E ainda se espan-

tam porque tкm problemas de dinheiro. Entгo pensam que mais dinheiro vai

resolver a situaзгo. Poucos percebem que lhes falta instruзгo financeira.

 

- Entгo papai tem dificuldade com os impostos porque ele nгo entende

de dinheiro? - perguntei confuso.

 

- Olha - disse pai rico. - Os impostos sгo apenas uma pequena parte

do aprendizado para fazer o dinheiro trabalhar para vocк. Hoje, eu sу

queria descobrir se vocк ainda tem a paixгo de aprender sobre dinheiro. A

maioria das pessoas nгo tem. Elas querem ir para a escola, aprender uma

profissгo, divertir-se no trabalho e ganhar rios de dinheiro. Um dia acor-

dam com sйrios problemas financeiros e entгo nгo podem parar de traba-

lhar. Esse й o preзo de sу saber como trabalhar pelo dinheiro em lugar de

estudar para saber como pфr o dinheiro a trabalhar para vocк. E entгo,

vocк continua apaixonado por aprender? - perguntou pai rico.

Acenei afirmativamente com a cabeзa.

 

- Bom - disse pai rico. - Agora de volta ao trabalho. Desta vez nгo vou

lhe pagar nada.

 

- O quк? - perguntei espantado.

 

- Vocк ouviu. Nada. Trabalharб as mesmas trкs horas no sбbado, mas

desta vez nгo receberб os l O centavos por hora. Vocк disse que queria apren-

der a nгo trabalhar pelo dinheiro, sendo assim nгo vou pagar nada.

 

Eu nгo podia acreditar no que estava ouvindo.

 

- Jб tive esta conversa com o Mike. Ele jб estб trabalhando, tirando a poei-

ra e arrumando as latas para mim. Melhor vocк se apressar e correr para lб.

 

- Nгo й justo - gritei. - O senhor tem que pagar alguma coisa.

 

- Vocк disse que queria aprender. Se nгo aprender isso agora, serб como

aquelas duas mulheres e o homem que estavam sentados na minha sala:

trabalham pelo dinheiro e esperam que eu nгo os mande embora. Ou como

seu pai, ganhando rios de dinheiro apenas para ficar endividado atй o pesco-

зo e esperando que mais dinheiro resolva o problema. Se for isso o que vocк

quer, entгo volte para aqueles 10 centavos a hora. Ou vocк pode ainda fazer

aquilo que muitas pessoas acabam fazendo: reclamar que o salбrio nгo й

suficiente, demitir-se e procurar outro emprego.

 

- Que й que eu faзo? - perguntei.

 

Pai rico deu um tapinha em minha cabeзa.

 

- Use isto - falou. - Se vocк usar bem, logo estarб me agradecendo por

ter-lhe dado uma oportunidade de se tornar um homem rico.

 

Fiquei parado, sem acreditar que eu estivesse embarcando nessa canoa.

Queria conseguir um aumento e acabei sendo convencido a trabalhar de graзa.

 

Pai rico voltou a dar um tapinha na minha cabeзa e disse:

 

- Use isto. Agora fora daqui, de volta ao trabalho.

 



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